A Associação Beneficente Criança Cidadã concluiu, na última terça-feira (4), uma roda de diálogo voltada aos funcionários e colaboradores da instituição sobre o enfrentamento à violência contra a mulher. A discussão foi conduzida pela assistente social Laura Rosa, que trabalha no Centro de Referência Clarice Lispector, serviço da Secretaria da Mulher da Prefeitura do Recife especializado no acolhimento e na orientação de mulheres vítimas de agressões domésticas e/ou sexistas.
"Eu costumo dizer que as rodas de diálogo são muito produtivas. Sempre, alguém se encaixa e na hora não se pronuncia pela famosa 'vergonha', mas quando vejo, chega lá no Centro. A gente leva informação a essas mulheres, que levam para outras mulheres, como agentes multiplicadoras", pontua Laura.
O encontro, que foi mobilizado pela equipe de serviço social da Uninassau lotada no Espaço Cultural e Esportivo Criança Cidadã, sede da ABCC, serviu para destrinchar as diversas formas de violência a que as mulheres estão expostas: física, moral, psicológica, sexual e patrimonial. Alguns dados alarmantes também foram apresentados. Segundo o Mapa da Violência (2015), a residência é o local onde ocorrem os maiores casos de violência contra a mulher (71,9%).
A assistente social responsável pelo setor na ABCC, Josane Valéria, destaca o significado de tratar do tema entre os educadores. "Um trabalho como esse é importante porque trabalhamos com crianças em situação de vulnerabilidade social e, muitas vezes, a rotina delas está inserida nesse contexto da violência contra a mulher. Por isso, os educadores precisavam de momentos como esse para que possam trabalhar a temática, orientar os pais e as crianças, fazendo o encaminhamento correto", diz.
O assistente de manutenção da ABCC, Bruno José, participou da discussão e se surpreendeu com várias informações apresentadas. "Até então, não tinha caído a ficha para mim. Onde moro, uma mulher apanhava várias vezes do marido, mas sempre voltava, e a gente não entendia o porquê. Alguns achavam que ela gostava de ser agredida, mas a palestra abriu os olhos e mostrou que não, que por alguma razão, talvez emocional ou financeira, a vítima se vê refém de seu marido", comenta.
A primeira parte deste encontro ocorreu no último dia 28 de março. Novas rodas de diálogo serão feitas com os educandos da ABCC e responsáveis.
SERVIÇO - O Centro de Referência Clarice Lispector possui uma equipe multidisciplinar de psicólogas, assistentes sociais, advogadas e educadoras sociais. Os casos são acompanhados e encaminhados para a rede municipal de proteção à mulher. O atendimento é gratuito e funciona de segunda à sexta-feira, das 7h às 19h. Também há um serviço de orientação por telefone, o "Liga, Mulher" (0800 281 0107), que atende diariamente, das 7h às 19h.
OUTRAS INFORMAÇÕES
Centro de Referência Clarice Lispector
Endereço: Rua Bernardo Guimarães, 470. Boa Vista (próximo à Unicap)
Telefones: 81 3355 3008/ 3009/ 3010

